COMPORTAMENTO INFANTIL




Bullying, a Violência Escolar
Bullying é um termo do inglês ainda sem tradução para o português, mas que significa o comportamento agressivo entre estudantes. São atos de agressão física ou verbal, que ocorre de modo repetitivo, sem motivação evidente e executada por um ou vários estudantes contra outro, em uma relação desigual de poder, normalmente dentro do ambiente escolar, ocorrendo principalmente dentro de sala de aula e no recreio escolar.

O bullying está relacionado com comportamentos agressivos e hostis de alunos que se julgam superiores aos outros colegas, acreditam na impunidade de seus atos dentro da escola e muitas vezes são pertencentes a famílias desestruturadas, convivendo com pais opressores, agressivos e violentos. Transtornos comportamentais como os transtornos disruptivos (transtorno desafiador opositivo e transtorno de conduta), transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e transtorno bipolar do humor são comumente associados a esses autores de bullying.

Os alvos de bullying normalmente são jovens tímidos, quietos, inseguros, possuem poucas amizades, são facilmente intimidados e incapazes de reagir aos atos de agressividade. Freqüentemente são fisicamente fracos e menores que os agressores, mais jovens e desta forma apresentam dificuldade em se defender das agressões. Alunos novos na escola, vindos de outras localidades e de diferentes religiões são comumente vítimas de bullying. Muitas vezes estes jovens apresentam transtornos comportamentais associados como fobia social, distimia, ou transtornos invasivos do desenvolvimento.

Normalmente a identificação precoce do bullying nas escolas e o trabalho de informação e conscientização entre professores e alunos são suficientes no manejo do problema. Entretanto, quadros graves de bullying podem estar diretamente ligados a transtornos comportamentais graves e nesses casos a avaliação neuropsiquiátrica está indicada e esses transtornos comportamentais podem ser identificados e tratados. A identificação precoce do comportamento bullying nas escolas possibilita uma intervenção terapêutica a fim de se evitar prejuízos acadêmicos e no relacionamento social dos alunos envolvidos.

Suicídio e Comportamento Suicida

O comportamento suicida é uma manifestação prevalente entre crianças e adolescentes de todo o mundo e pode ser definido como toda preocupação ou ato em que o indivíduo tem a intenção de causar lesão ou morte a si mesmo.

Para se ter uma idéia da dimensão desse fenômeno, o suicídio está entre as dez principais causas de morte em todo o mundo e entre as três primeiras quando se considera a faixa etária entre os 15 e 24 anos de idade, atrás apenas de acidentes e homicídios. Nas crianças entre 5 e 14 anos de idade, o suicídio é a quinta causa de morte, após acidentes, câncer, anormalidades congênitas e homicídio.

Crianças com ideação suicida são três vezes mais propensas a executar atos suicidas na adolescência do que crianças sem ideação e aquelas que tentaram o suicídio na infância apresentam seis vezes mais chances de tentar novamente durante a adolescência, quando comparadas com crianças que nunca fizeram a tentativa.
 
Jovens com transtornos comportamentais como depressão, transtorno bipolar, transtornos ansiosos, transtornos disruptivos, esquizofrenia, uso de drogas e alcoolismo apresentam índices mais elevados de tentativa de suicídio. Entretanto o principal preditor para o comportamento suicida na adolescência parece ser o transtorno depressivo, principalmente quando o primeiro episódio ocorre antes dos 20 anos de idade.
Eventos de vida estressantes, principalmente antes dos 16 anos de idade, também podem contribuir para o comportamento suicida, como morte dos pais, instabilidade familiar, violência doméstica, história de depressão ou suicídio na família e traços de personalidade com grande impulsividade, agressividade e labilidade do humor.

 Limites: lidando com a insegurança dos pais

Os seres humanos são produto de uma série de fatores que conjuntamente moldam a personalidade: herança genética, fatores psicológicos, grau de desenvolvimento cognitivo, interações familiares e o contexto sócio-cultural. Desta forma, a personalidade é um conjunto de características psicológicas estáveis ao longo do tempo e vai depender de como interagem as características inatas de uma criança com os estímulos que recebe do meio.

O modelo cognitivo-comportamental pressupõe que, para cada situação, teremos interpretações automáticas do que está ocorrendo, que vão provocar sentimentos e comportamentos. Esta nossa forma de interpretar os fatos vai depender em grande parte das coisas em que acreditamos, nosso sistema de crenças sobre nós mesmos, o mundo e as pessoas. Tais crenças são formadas a partir do que aprendemos ao longo de nossa vida.


NECESSIDADES BÁSICAS DAS CRIANÇAS
SE SENTIR CONECTADO, ACEITO E AMADO
TER AUTONOMIA E CAPACIDADE DE DESEMPENHO
CONHECER OS LIMITES E O MODO DE FUNCIONAMENTO DO MUNDO
TER ATENÇÃO ÀS SUAS NECESSIDADES E EMOÇÕES
TER ESPONTANIEDADE E PRAZER


Assim, é importante que os pais equilibrem doses de afeto e limites para que as crianças cresçam e se tornem adultos saudáveis. Uma criança que recebe pouco amor e muito limite tende a se sentir pouco aceita e outra que recebe muito amor e poucos limites terá problemas para entender o funcionamento do mundo e se adequar a ele para o resto da vida.

Entretanto, estabelecer limites não é fácil e algumas questões precisam ser observadas. A primeira delas se refere à diferença entre a melhor FORMA de colocar limites, em oposição ao CONTEÚDO das regras apresentados. É importante que os pais percebam que cada família tem o direito e o dever de decidir que valores transmitir a seus filhos e que, independentemente de quais serão estes valores, a forma de apresentá-los é o mais importante.

Não podemos esquecer que as crianças têm um cérebro ainda em processo de amadurecimento.  Portanto, não podemos perder de vista que as informações que estamos tentando passar estarão sendo processadas por um cérebro muito diferente do nosso.

Ainda considerando as etapas do desenvolvimento das crianças, é importante adequar a linguagem à faixa etária. Como até o final da infância ainda é difícil lidar com muitas informações ao mesmo tempo, precisamos dar ordens curtas e diretas (“Largue a faca”, ao invés de “Não pegue a faca”), seguidas de uma breve explicação (“Porque machuca”). Ao apresentarmos sempre o motivo pelo qual se pode ou não fazer alguma coisa, estamos ensinando nossos filhos a pensar logicamente, em termos de causas e conseqüências. Esta habilidade será muito importante para que, no futuro ele esteja apto e seguro para pensar e tomar suas próprias decisões. Um adulto que não sabe por que faz ou não faz determinadas coisas não terá capacidade ter autonomia para lidar com situações novas, cujas regras desconhece, e se sentirá inseguro ao tomar decisões.

Outra questão é que, se a atenção do meu filho ainda está em formação, é essencial que eu me certifique de que ele está prestando atenção enquanto eu falo e de que, em muitos momentos, será difícil para ele manter a concentração por muito tempo. Dessa maneira, antes de falar com seu filho e durante a conversa, certifique-se que ele está atento, abaixe-se até ficar da altura da criança, olhe para ele e fale de forma a captar a sua atenção. Se ele perder a concentração, gentilmente chame sua atenção novamente.

Além disso, crianças ainda não têm a capacidade de auto-regulação e supervisão formadas. Por isso, precisamos supervisionar nossos filhos e ensiná-los a verificar se estão fazendo as coisas direito. É como se estivéssemos emprestando nosso cérebro maduro para que nossos filhos possam começar a desenvolver certas capacidades.

Outra questão extremamente importante é colocar limites sem alterar o senso de aceitação e amor, que devem ser incondicionais. Considerando que nossos filhos possuem um cérebro que entende as coisas literalmente, é importante tomar cuidado com as palavras. Também é importante evitar ameaças, principalmente as que sugerem perda de amor, abandono etc: “Se você não parar, eu vou te deixar aqui”. Ao fazer ameaças que não vamos cumprir, ensinamos aos nossos filhos que nem tudo o que dizemos é verdade e isso tem forte impacto na credibilidade dos limites apresentados.

A idéia é de que limite é essencial à construção de um indivíduo saudável e que sua apresentação é função dos pais. Contudo, temos que ficar alertas à forma mais eficaz de fazer isso.