DROGAS



O consumo de drogas é um fenômeno mundial e deve ser encarado como um grave problema de saúde pública em todo o mundo. Trata-se de um grande desafio a pais, médicos, educadores e a sociedade de um modo geral. Os estudos epidemiológicos sobre o consumo de álcool e outras drogas evidenciam um crescimento assustador nas últimas décadas e os jovens têm tido suas primeiras experiências com as drogas cada vez mais precocemente, ocorrendo normalmente na passagem da infância para a adolescência.

Jovens sob efeito de drogas apresentam desinibição comportamental, perda do juízo crítico e de reflexos motores, fatos que colaboram para que a causa líder de mortes entre adolescentes por acidentes automobilísticos, comportamento suicida, violência, afogamentos e atividade sexual desprotegida seja relacionada com o uso dessas substâncias. De uma forma geral, o álcool está envolvido em mais da metade de todas as mortes acidentais, suicídios, homicídios ou por acidentes automobilísticos.

O trabalho de prevenção ao uso de álcool e drogas na escola é de essencial importância, visto que o início de seu uso, na maioria das vezes, ocorre com colegas de sala de aula, dentro do ambiente escolar.





Programas educacionais desenvolvidos para aumentar o conhecimento sobre os efeitos das drogas no organismo e suas possíveis conseqüências devem ser desenvolvidos nas escolas e nas comunidades de um modo geral. Debates, conferências e encontros com pais e alunos podem ser estimulados. Algumas estratégias promissoras de prevenção ao uso de drogas utilizam treinamento de habilidades sociais nos jovens para enfrentamento de problemas e estratégias de recusa às drogas. Outro mecanismo de prevenção é a identificação de indivíduos com grande risco ao consumo de drogas, sendo uma das populações de maior risco crianças cujos pais são dependentes.

 
A Família e a Dependência Química

Na nossa perspectiva, a família é vista como um sistema aberto e dinâmico composto de indivíduos com crenças, regras e expectativas individuais, interagindo entre si, que por um mecanismo adaptativo de autopreservação, procura manter um estado de equilíbrio interno. Assim, comportamentos individuais são mutuamente reforçados com esse objetivo, mantendo esse sistema funcionando, mesmo que de forma disfuncional. O uso de drogas por um dos integrantes do sistema pode ser visto como um sintoma familiar, onde o papel do dependente é paradoxal porque o sintoma possui funções contraditórias: ao mesmo tempo serve para garantir o equilíbrio do sistema e para denunciar a necessidade de mudanças. Dessa maneira, o abuso de drogas - e os comportamentos dele decorrentes – é entendido como um sintoma-comunicação que adquire sentido nas interações desenvolvidas pelos membros da família como um todo.

A dependência química não é contagiosa, mas é contagiante, no sentido de que, quando existe um membro da família usando drogas, este fato estabelece comportamentos familiares em função do usuário, deteriorando o bem-estar individual e coletivo. Como exemplo podemos ver normalmente o dependente químico negando ou minimizando as conseqüências negativas do seu uso, de forma a manter protegida a sua drogadicção. Em paralelo, vemos esse comportamento também na família, não para proteger a droga mas para proteger-se da dor e do sentimento de impotência diante do comportamento-problema de um ser querido.

O que percebo na clínica, freqüentemente, é o estabelecimento de uma dinâmica familiar adoecida. Isso, na teoria sistêmica nós chamamos de co-dependência. A co-dependência corresponde a um conjunto de comportamentos e emoções desencadeadas quando se convive com um usuário de drogas e tem como principal conseqüência negativa a manutenção do uso de drogas do adicto em família e a perpetuação do sofrimento familiar. Se você se identifica de alguma maneira com o que foi dito anteriormente, dê-se alguns minutos para responder às questões abaixo:
  • 1. Você já ficou acordada à noite esperando que o seu filho ligasse ou voltasse da rua mesmo sabendo que ele/ela nunca liga e nunca chega antes que amanheça?
  • 2. Você já foi atrás dele para busca-lo, preocupada/o com o que poderia acontecer com ele/ela?
  • 3. Você acreditou nele/nela quando jurou que iria parar, mas logo você sentiu-se enganada e com raiva pois não parou?
  • 4. Você abandonou sua rotina diária porque “precisa” preocupar-se com seu filho?
  • 5. Você deixou de lado as coisas que lhe davam prazer para “cuidar” do seu filho?
  • 6. Você acaba sempre dando dinheiro por medo do seu filho se meter em “mais confusão” ou para evitar retaliações por parte dele?
Se você respondeu “sim” a duas ou mais das questões acima, pode considerar a possibilidade de estar assumindo o papel de co-dependrente na família. Nesse caso, talvez você precise de ajuda para lidar com o problema que está enfrentando e, conseqüentemente, ajudar o seu familiar a parar de usar drogas por meio de suas próprias mudanças.

TDAH e Drogas

O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos comportamentais com maior incidência na infância e na adolescência. Pesquisas realizadas em diversos países revelam que o TDAH está presente em torno de 5% das crianças em idade escolar. Trata-se de uma síndrome clínica caracterizada basicamente pela tríade sintomatológica: déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade.



Crianças com este diagnóstico apresentam freqüentemente prejuízos no desempenho acadêmico e social, pois apresentam dificuldade em se organizar, em manter atenção em sala de aula, realizar deveres escolares ou permanecer sentadas ou quietas.


Comumente crianças com o diagnóstico de TDAH apresentam comorbidades (outros transtornos comportamentais associados) sendo os mais comuns o transtorno desafiador opositivo, transtorno de conduta, transtornos ansiosos, trastornos do humor e o transtorno por uso de substâncias psicoativas (álcool e drogas).

Vários estudos referem a associação do TDAH ao uso de substâncias psicoativas na adolescência. Para se ter uma idéia, entre 20% e 50% de pacientes dependentes químicos de álcool apresentam história de TDAH na infância. Entre abusadores de cocaína e opióides a prevalência dessa associação pode chegar até 45% dos casos.

A adolescência por si só é um grande fator de risco para o consumo de drogas. Trata-se de uma fase de grandes modificações físicas e comportamentais em que o jovem tenta criar sua própria identidade, sua personalidade e não aceita mais passivamente ordens e orientações de seus pais, identifica-se mais com o grupo de amigos e está mais apto a novas experiências, novos riscos e desafios. Crianças e adolescentes excessivamente tímidos, impopulares e que não conseguem se destacar nos esportes ou estudos podem buscar nas drogas sua identificação. A influência de “modismos”, a facilidade para obtenção de drogas, principalmente nos grandes centros urbanos, a falta de vínculos afetivos dentro de casa e a inserção em lares desestruturados aumentam as chances de se tornarem usuários de drogas.

Tais fatores de risco aplicam-se a todos os jovens, entretanto adolescentes com o diagnóstico de TDAH experimentam drogas mais precocemente, usam-nas em maior quantidade, tornam-se mais dependentes e demoram mais tempo a buscar tratamento. Esses fatos estariam relacionados a uma tendência maior de automedicação realizada por estes jovens, na busca por alívio dos sintomas de inquietação motora, hiperatividade e agitação que o TDAH promove. Há também uma menor percepção do abuso, maior dificuldade de cessação do uso e menor senso crítico na escolha do grupo por esses pacientes.

Outras comorbidades comuns ao TDAH também podem influenciar no desencadeamento do uso de álcool e drogas como o transtorno desafiador opositivo e o transtorno de conduta. Logo, a investigação de quadros associados ao TDAH também deve ser realizada para fins terapêuticos e de prognóstico, pois quadros associados apresentam maior dificuldade de adesão e na resposta ao tratamento, além de influenciar no curso do transtorno com aumento das chances do envolvimento com drogas durante a adolescência.

Desta forma o trabalho de identificação precoce do TDAH e de suas comorbidades em crianças pode ser uma medida eficaz na prevenção ao uso de substâncias psicoativas na adolescência. Não que o tratamento do TDAH e suas comorbidades impeça o desencadeamento do uso de drogas, visto que esse uso depende de diversos outros fatores como descrito anteriormente, mas pode diminuir consideravelmente as chances deste jovem se tornar um abusador ou dependente de álcool e outras drogas.

Partindo do princípio de que crianças com TDAH apresentam índices elevados de uso de substâncias psicoativas na adolescência, o tratamento eficaz do transtorno e de suas comorbidades associado ao trabalho de orientação ao paciente e aos pais sobre o manejo dos sintomas do TDAH e a orientação para a prevenção ao uso de álcool e drogas pode influenciar consideravelmente para um desfecho positivo no futuro deste jovem em formação.

 Tipos de Drogas

GHB
O GHB ou gama-hidroxibutirato é uma substância sedativa com apresentações líquidas (líquido transparente como água) ou em pó. Conhecido também como ecstasy líquido, sua utilização é mais freqüente em casas noturnas e principalmente em festas rave. Seus efeitos são semelhantes à intoxicação por álcool e caracterizado por euforia, desinibição comportamental e relaxamento muscular. Doses mais elevadas ou quando misturado ao álcool podem provocar overdose, com depressão respiratória, tonturas, diminuição do nível de consciência, náuseas, vômitos, ansiedade, tremores, alucinações, diminuição dos batimentos cardíacos, incoordenação motora, sedação profunda, coma e morte.

Chá do Santo Daime
O chá do Santo Daime consiste em uma substância alucinógena denominada dimetiltriptamina ou DMT, extraído das folhas de diversas plantas amazônicas, como a jurema, a chacrona, um arbusto denominado Psychotria viridis, o cipó mariri ou caapi. O chá é consumido durante rituais religiosos do Santo Daime, religião criada pelo brasileiro e neto de escravos Raimundo Irineu Serra, na floresta amazônica, entre o Estado do Acre e Peru, no início do século XX, nas décadas de 1920 e 1930. Ele supostamente teria recebido uma “revelação divina” de uma doutrina cristã, através da aparição de Nossa Senhora da Conceição, após a ingestão de uma bebida consumida à milhares de anos por tribos indígenas amazônicas e chamada pelos incas de ayahuasca ou vinho da alma. A denominação Santo Daime seria a mensagem de Virgem Maria referindo-se a “dai-me luz, dai-me paz e dai-me amor”, princípios da religião.

A utilização da substância está relacionada com hipertensão arterial, taquicardia, náuseas, vômitos, diarréia, alucinações visuais e auditivas. Jovens com predisposição genética para esquizofrenia podem desencadear surtos psicóticos graves em muitos casos.

Inalantes
Inalantes são um conjunto de diferentes substâncias químicas que apresentam em suas composições hidrocarbonetos de grande volatinidade e por isso a via de administração da droga é inalatória. São produtos utilizados como aromatizadores de ambiente, solventes, anestésicos, combustíveis, tintas, vernizes, aerossóis, esmaltes e colas.

O lança-perfume e o “cheirinho da loló” consistem em uma mistura de éter, clorofórmio e cloreto de etila, sendo objeto de consumo de adolescentes de classe média e alta. Em contra partida, outros inalantes como colas de sapateiro, acetona e benzeno, por exemplo, são produtos legalmente comercializados em supermercados e lojas de tintas. Devido seu fácil acesso e preço baixo, trata-se de uma droga muito utilizada entre estudantes de escolas públicas brasileiras.

A ação exata dos inalantes no organismo é pouco conhecida, devido a variedade de produtos químicos presentes nos diferentes solventes abusados, entretanto de uma maneira geral a intoxicação está relacionada com a depressão do sistema nervoso central. Inicialmente ocorre uma sensação de desinibição e euforia, seguido de incoordenação motora, risos imotivados, zumbidos e fala pastosa. Na continuação do uso, o adolescente poderá apresentar confusão mental, desorientação, alucinações visuais e auditivas, redução do nível de consciência, desmaios, convulsões, arritmias cardíacas, coma e morte.

Algumas complicações podem ocorrer nos usuários crônicos dessas drogas, ocasionando lesões cerebrais e cerebelares permanentes e produzindo respectivamente empobrecimento intelectual e incoordenação motora para o resto de suas vidas, mesmo que venham a interromper o uso.

Anfetaminas
As anfetaminas são medicamentos controlados, vendidos sob a forma de comprimidos em farmácias de todo o país, sendo os mais utilizados: dietilpropiona ou anfepramona, fenproporex e mazindol. Uma outra anfetamina, proibida no mercado brasileiro, mas que entra ilegalmente no país através de contrabando é denominada metanfetamina. Ela tem se popularizado muito nos Estados Unidos, sendo consumida principalmente sob a forma fumada e chamada de “ice”.

Os efeitos da anfetamina são muito semelhantes aos efeitos da cocaína no organismo e comumente observamos insônia, diminuição da apetite, perda de peso, ansiedade, pânico, irritabilidade, nervosismo, agressividade, inquietação, impulsividade, oscilações do humor, sensação de euforia e redução do cansaço. Sintomas físicos são também evidenciados sob a forma de aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial, sudorese, tremores, dilatação das pupilas, elevação da temperatura corporal e aumento do ritmo intestinal.

Sintomas psicóticos, também denominados de psicose anfetamínica, podem ocorrer durante o consumo e, nesses casos, o adolescente pode apresentar alucinações visuais e auditivas (percepções falsas, como por exemplo, dizer estar vendo coisas ou ouvindo sons que não estão presentes no ambiente) e também pode apresentar delírios persecutórios (relato de que alguém o está perseguindo, por exemplo).

Além disso, o uso continuado das anfetaminas e o conseqüente aumento da pressão arterial podem provocar lesões graves em vasos sangüíneos do cérebro, podendo levar a acidentes vasculares cerebrais (derrame cerebral).

Ecstasy
Também chamado de MDMA, “club drug” ou “bala”, o ecstasy é uma droga que vem se popularizando nos últimos vinte anos, principalmente entre adolescentes de classe média e alta, e está intimamente ligada a freqüentadores de casas noturnas e festas chamadas raves, onde muitos desses jovens compartilham além da música eletrônica a utilização da droga.

O ecstasy é consumido sob a forma de comprimidos. Trata-se de um tipo de anfetamina sintética com propriedades estimulantes e alucinógenas e está relacionada com efeitos danosos no cérebro humano, principalmente em neurônios serotoninérgicos. Esse efeito neurotóxico pode causar distúrbios no sono, alterações do humor, ansiedade, aumento da impulsividade, problemas de atenção e memória. Importante dizer que tais efeitos danosos podem ser permanentes, podendo ocorrer mesmo após a utilização da droga uma única vez.

A hipertermia ou aumento da temperatura corporal é um dos grandes perigos do consumo da droga, pois devido a seus efeitos estimulantes, o ecstasy provoca um excesso de trabalho do organismo com produção de calor, superaquecendo o corpo do usuário. Em alguns locais onde a droga é consumida há uma facilitação desse superaquecimento do corpo, pois as casas noturnas normalmente são ambientes fechados, com pouca ventilação e superlotadas, motivo pelo qual, atualmente, muitas festas raves são realizadas em sítios, chácaras e praias.

Uma das mais graves conseqüências desse superaquecimento corporal pode ser a rabdomiólise, quando há degradação de proteínas musculares causadas pela exposição do organismo a altas temperaturas. Essas proteínas degradadas caem na corrente sanguínea e podem prejudicar o funcionamento dos rins na filtração do sangue e causar insuficiência renal e conseqüente morte do usuário da droga.

LSD
O LSD ou dietilamida do ácido lisérgico, também chamado vulgarmente de ácido, doce ou papel é um composto cristalino com propriedades alcalóides e produzido clandestinamente à partir de um alcalóide denominado ergotina que é produzido por um fungo chamado ergot, durante a fermentação de grãos de centeio. Pode apresentar a forma de barras, cápsulas, tiras de gelatina, micropontos ou folhas de papel, como selos ou autocolantes e a dose média é de 50 a 75 microgramas, sendo consumido por via oral através da absorção sub-lingual e seus efeitos podem durar de quatro à doze horas.

Os principais efeitos do LSD estão relacionados com as características alucinógenas da droga, que age sobre os sistemas neurotransmissores serotononérgicos e dopaminérgicos. Alucinações visuais e auditivas, exaltação do humor, idéias de grandeza, pensamento acelerado, percepções distorcidas com o realce das cores, contorno dos objetos e alterações na recepção dos sons, com relatos de sinergismos de sensações do tipo: “cores apresentam sons” ou “sons coloridos” são sintomas freqüentes.

O consumo da droga pode desencadear quadros psicóticos agudos, quadros depressivos e piorar doenças psiquiátricas pré-existentes. Naqueles usuários predispostos geneticamente a transtornos psicóticos, a droga pode induzir ou precipitar quadros psicóticos crônicos, como a esquizofrenia.

Opióides
Opióides são substâncias derivadas do ópio, um produto extraído da papoula, planta da família das Papaveraceae, de origem asiática, capaz de provocar efeitos euforizantes. A morfina e a codeína são consideradas opiáceos naturais, pois são extraídos da papoula, enquanto a heroína e a metadona são substâncias obtidas da modificação em laboratório e consideradas opiáceos semi-sintéticos. Já a meperidina, o fentanil e o propoxifeno são substâncias opiáceas totalmente produzidas em laboratório e de uso médico para fins anestésicos e para alívio da dor em doenças crônicas como o câncer, por exemplo.

O cérebro humano produz determinadas substâncias denominadas opióides endógenos, que estão relacionadas com a regulação do prazer e da dor. Quando o indivíduo faz o uso dessa substância há um desequilíbrio nesse sistema opióide cerebral e inúmeras conseqüências negativas ocorrerão no organismo do usuário. Desta forma, os opióides são substâncias capazes de produzir efeitos em diversas áreas do organismo, sendo a ação cerebral a principal característica. Sensações de prazer e euforia, redução da dor, sedação, sonolência, dificuldade na coordenação motora, náuseas e vômitos também podem ocorrer. Freqüentemente ocorre uma dilatação dos vasos sanguíneos, acompanhado de diminuição da freqüência respiratória e diminuição dos movimentos peristálticos dos intestinos, provocando constipação.

A overdose de opióides ocorre com freqüência e pode provocar miose (diminuição das pupilas), depressão do sistema nervoso central, depressão respiratória, diminuição do nível de consciência, hipotensão arterial, edema pulmonar, colapso circulatório e conseqüente morte.

Cocaína
A cocaína é a principal droga estimulante existente. Trata-se de um alcalóide obtido das folhas da planta Erythroxylon coca e é administrada principalmente sob a forma inalada (pó), fumada (crack), podendo também ser injetada quando diluída em água.

A utilização de cocaína provoca no usuário uma série de alterações físicas e comportamentais que inviabilizam a vida da pessoa no uso continuado da substância. Aumento dos batimentos cardíacos, da pressão arterial, da freqüência respiratória, associado à dilatação das pupilas, tremores e sudorese são algumas das alterações físicas facilmente observadas.

Mudanças comportamentais como agitação motora, inquietação, insônia, euforia, grandiosidade, irritabilidade, impulsividade, perda do apetite, delírios persecutórios (alteração do pensamento em que a pessoa acredita que está sendo perseguida pela polícia, traficantes ou outras pessoas, por exemplo), alucinações visuais e táteis (a pessoa vê e sente a presença de objetos que não existem, como bichos e insetos andando por seu corpo, por exemplo) normalmente acompanham o quadro de intoxicação por cocaína. Pessoas com história na família de transtornos psicóticos, como esquizofrenia, por exemplo, apresentam maiores chances de desenvolverem a doença caso façam uso de cocaína.

De acordo com diversos estudos, adolescentes que fumam cigarro apresentam duas vezes mais chances de abusarem de álcool, quando comparados com jovens não fumantes. Apresentam também dez vezes mais chances de usarem maconha, nove vezes mais chances de usarem drogas estimulantes e quatorze vezes mais chances de usarem cocaína, halucinógenos e opióides. Por essa razão, muitos autores consideram a nicotina como uma “porta de entrada” para outras drogas.

A nicotina, substância responsável pela dependência química do organismo provoca o aumento do colesterol, aumentando o risco de doenças cardíacas e circulatórias. Algumas das conseqüências do fumo de cigarros são:
Câncer de boca
Câncer de garganta
Câncer de esôfago
Câncer de pâncreas
Câncer de bexiga
Câncer de rins
Câncer de pulmão
Arritmias cardíacas
Infarto agudo do miocárdio
Acidente vascular encefálico (derrame cerebral)
Doença arterial coronariana
Angina
Enfisema pulmonar
Bronquite aguda e crônica
Tosse crônica


Álcool
Diversos estudos apontam que o uso abusivo de álcool está relacionado com um número assustador de acidentes automobilísticos entre adolescentes, sendo que cerca de 75% das mortes de jovens em acidentes de carro estão relacionadas com o uso de álcool.

Além disso, as conseqüências diretas do uso abusivo de álcool são inúmeras, afetando diversos órgãos e regiões do organismo e no uso continuado ao longo do tempo pode acometer o sistema nervoso central, gastrointestinal, cardiovascular, muscular, imunológico, funções nutricionais e até provocando alguns tipos de câncer.

As alterações gastrointestinais mais comuns são gastrite, esofagite, úlcera gástica, pancreatite, hepatite e cirrose hepática. O coração é outro órgão afetado pelo álcool podendo ocorrer hipertensão arterial, arritmias cardíacas e cardiomiopatias, lesão do músculo cardíaco que pode levar a falência do órgão.

Lesões nos nervos periféricos causados pelo álcool provocam a chamada neuropatia periférica. Os músculos podem tornar-se fracos, doloridos e com pouca mobilidade, principalmente nas pernas. Lesões no cérebro podem ocorrer sob a forma de diversas síndromes como a síndrome de Wernecke-Korsakoff, a demência alcoólica e a encefalopatia hepática.

Distúrbios da coagulação, alteração da contagem de células sanguíneas e o surgimento de infecções devido à supressão do sistema imunológico também ocorrem com freqüência. Anemia por deficiência de tiamina, deficiência de vitamina B1, niacina e vitamina C podem causar doenças como beribéri, pelagra e escorbuto.

Para finalizar essa lista quase interminável de problemas de saúde relacionadas com o álcool temos diversos tipos de câncer como: de boca, esôfago, estômago, pâncreas, cólon, reto, próstata e glândula tireóide.

Esteróides Anabolizantes
Os esteróides anabolizantes são um grupo de substâncias em que se inclui a testosterona, o hormônio natural masculino, além de dezenas de hormônios sintéticos derivados da testosterona e desenvolvidos nos últimos 50 anos. Essas substâncias são capazes de produzir um efeito anabólico, isto é, são capazes de produzir um aumento na síntese de proteínas para desenvolvimento de músculos e assim provocam um aumento da massa muscular, força, explosão e do volume da musculatura corporal.

Nas últimas décadas elas vêem se popularizaram entre os jovens e apesar dos prejuízos médicos e comportamentais envolvidos, convivemos hoje com um grande número de adolescentes que inadvertidamente buscam nos esteróides anabolizantes uma maneira rápida de ganhar músculos.

Determinadas regiões do cérebro chamadas de sistema límbico, responsáveis pela memória, aprendizagem e pelas emoções são afetadas. Esses jovens podem apresentar alterações do humor com aumento de irritabilidade, agressividade, nervosismo, explosões descontroladas de raiva, além de prejuízos significativos na memória, atenção e aprendizagem.

Nas meninas os esteróides anabolizantes causam alterações do período menstrual, perda de cabelos, engrossamento de voz, crescimento de pêlos no rosto e no corpo.

Maconha
A maconha é atualmente uma das drogas mais consumidas entre os jovens e merece toda a atenção de pais e educadores. Trata-se de uma planta cujo nome científico é Cannabis sativa e que apresenta mais de sessenta substâncias chamadas canabinóides, sendo o Delta-9-tetrahidrocanabinol a substância com maior efeito psicoativo no organismo.

As principais conseqüências da utilização da maconha na saúde dos jovens estão relacionadas a prejuízos na memória e pela síndrome amotivacional, além de prejuízos na imunidade e doenças respiratórias.

Estudos em animais mostram que a utilização da maconha pode prejudicar consideravelmente a memória, pois receptores canabinóides ativados no cérebro do usuário agem no hipocampo cerebral, área relacionada com a memória.

A síndrome amotivacional frequentemente associada ao consumo de maconha consiste na perda de energia, cansaço, apatia, falta de motivação, desinteresse, inabilidade de realizar planos para o futuro, falta de ambição, prejuízo na memória, diminuição na acertividade, queda do rendimento escolar e no trabalho.